Mapa da Desigualdade de 2018 indica persistência de diferenças brutais entre regiões da Capital Paulista Notícias

06/12/2018 14:00

Anualmente, a Rede Nossa São Paulo elabora o Mapa da Desigualdade da Capital Paulista. A edição de 2018 foi lançada no final de novembro, com dados referentes ao ano passado. O material traz dados recolhidos através de fontes públicas e oficiais, cobrindo os 96 distritos da cidade e identificando as principais demandas da população em seus bairros. O Mapa é uma contribuição que pode auxiliar a gestão municipal a implementar políticas públicas que visem a redução das desigualdades, além de ampliar o conhecimento da própria população sobre a vida na cidade.

Os temas tratados pela pesquisa foram: cultura, educação, esporte, habitação, inclusão digital, meio-ambiente, saúde, trabalho e renda, transporte e violência. O estudo também fornece um índice chamado “desigualtômetro”, que é a diferença entre o melhor e o pior distrito, para todos os temas abordados.

A quantidade de bairros que não possuem algum tipo de equipamento cultural chama a atenção: são 53 sem nenhum tipo de centro, casa ou espaço cultural, 36 sem acervo de livros infanto-juvenis e 60 sem museus. Já os equipamentos públicos municipais de esporte estão presentes na maior parte da cidade, com o indicador chegando a zero em apenas 11 distritos.

No âmbito da educação, o estudo demonstrou a predominância de matrículas em escolas públicas nos bairros da periferia de São Paulo. O Jardim Ângela, na Zona Sul da cidade, tem o maior índice, chegando a 89,3%. Os três bairros com porcentagem menor que 10% estão localizados na região central: Jardim Paulista (6,8%), Alto de Pinheiros (8,2%) e Barra Funda (8,6%).

O levantamento apresenta um “desigualtômetro” muito alto no que diz respeito a domicílios em favelas, que chega a 605 vezes. Na Vila Andrade há quase metade das habitações nessas condições, enquanto em 11 distritos o índice chega a zero.

Na área da saúde, os dados sobre gravidez na adolescência e da idade média ao morrer chamam a atenção. Enquanto no Jardim Paulista apenas 0,68% dos nascidos vivos são filhos de mães com 19 anos ou menos, em Parelheiros (Zona Sul) o índice chega a 17,06%. O Jardim Paulista também possui a idade média ao morrer mais alta: 81 anos. O bairro com a expectativa de vida mais baixa se localiza no extremo Leste da Capital: a Cidade Tiradentes, com uma média de 58 anos.

Cidade Tiradentes também se destaca na área de trabalho e renda como o distrito com menor taxa de emprego formal a cada dez habitantes participantes da População em Idade Ativa (PIA), apenas 0,2.

Já o Jardim Paulista aparece mais uma vez em destaque como o distrito com o menor número de notificações de agressão a mulheres entre 20 e 59 anos: são apenas 0,55 notificações a cada 10 mil mulheres dessa faixa etária. A diferença com o bairro com maior número de denúncias, o Jardim São Luís (Zona Sul), é de 180,49 vezes.

O levantamento de 2018 indica um congelamento das desigualdades sociais em comparação aos anos anteriores, especialmente ao comparar os dados de distritos localizados no centro da cidade com os periféricos. A expectativa é de que os dados apresentados pelo estudo consigam direcionar o investimento público nas regiões mais prejudicadas com a extrema desigualdade social existente na cidade de São Paulo.

Acesse aqui os dados do Mapa da Desigualdade 2018 na íntegra.