Estruturar a Administração Pública dentro de novas tecnologias pode mudar os rumos de grandes decisões que impactam a vida de milhares de pessoas. A Empresa de Tecnologia da Informação e Comunicação do Município de São Paulo (PRODAM) vem buscando essa inserção por meio de uma parceria com o Google Cloud, uma suíte de computação em nuvem com mais de 150 produtos entre armazenamento, análise de dados, bancos de dados, etc. Para entender os benefícios dessa prestação de serviços, o Tribunal de Contas do Município de São Paulo (TCMSP) abriu as portas para a apresentação "Prodam e Google: instrumentos para a modernização da Administração Pública", na sexta-feira (08/07).
Na organização do evento estava o assessor da Presidência do TCMSP, Marcos Barreto, que solicitou ao presidente do Tribunal, conselheiro João Antonio da Silva Filho, que fizesse uma fala inicial. O presidente destacou que governos, ou seja, o poder público, que de fato queiram investir em um futuro que vem ao encontro das realizações do interesse público e da defesa da cidadania têm que investir em tecnologia. "Tecnologia é o caminho da transparência na Administração Pública. Tecnologia é o caminho do combate à corrupção na Administração Pública. Tecnologia é o caminho de uma gestão mais eficiente e mais efetiva na gestão pública", declarou.
O conselheiro Maurício Faria, relator das matérias da Prodam, estava na reunião e também fez uso da palavra. "Tem sido algo muito desafiador e gratificante lidar com esse momento, esse período de inovação, de transformação da PRODAM. É algo que se reflete potencialmente em toda a Administração Municipal. [...] Também queria dizer que esse testemunho que tem se trazido ao próprio Tribunal pela direção da Prodam sobre a qualidade dessa interlocução e dos resultados dessa interlocução confirma algo que é muito importante que a cidade saiba, ou seja, que o papel do Tribunal no controle preventivo de licitações, de contratações, é um papel positivo, que enriquece os procedimentos, que aperfeiçoa os procedimentos", pontuou.
O presidente em exercício e diretor de Desenvolvimento e Operações da Prodam, Antônio Celso de Paula Albuquerque Filho, comentou em sua breve apresentação as ações que já realizam com o Google para evidenciar os benefícios desse acordo operacional com tecnologia disponível a vários setores da Prefeitura de São Paulo por um preço adequado. Na oportunidade, agradeceu o TCMSP pelos questionamentos ao modelo novo e ponderou que foi isso que fez com que compreendessem melhor como trabalhar esses acordos no município para o máximo de produtividade.
Entre os trabalhos realizados com a Google, Antônio Celso ressalta a compatibilização georreferenciada da educação infantil. "Isso é essencial para saber onde o aluno vai estudar. Qual a escola mais próxima? Como posso facilitar os pais a colocarem seus filhos em uma escola que não tenham muita dificuldade de deslocamento e de acesso à educação? [...] Eu preciso identificar essas barreiras físicas que impedem a movimentação", explicou.
Com exclusividade, o presidente em exercício mostrou o aplicativo "SP na Palma da Mão", um trabalho realizado junto à Secretaria de Governo para que haja um login único na Prefeitura. "Nós estamos trabalhando todas as bases da Prefeitura, todos os sistemas que eram meio separados e estanques, estamos trabalhando para que se comuniquem e possa haver essa solução integrada para o cidadão", relatou, reforçando a ideia de que, a partir de 2023, todo novo sistema esteja incluído no cadastro único.
Alfredo Deak Júnior, Diretor de Inovação da área de Estratégia de Uso para Governo do Google Cloud, foi o próximo a se manifestar e, primeiramente, esclareceu que o foco de sua equipe é conhecer as práticas de governo, as necessidades, e buscar dentro dos grupos de engenharia da Google como ajudar. Deak revelou que a mesma tecnologia que serve para mapear onde o aluno mora e a distância entre ele e a escola também permite à iniciativa privada reutilizar a mesma informação, permitindo entregar sua mercadoria ao cidadão. "Isso é um pouquinho do que chamamos de Inovação Aberta: é como, efetivamente, a ação do governo com a iniciativa privada leva mais serviços aos cidadãos."
Segundo o diretor, o paradigma de sala de aula mudou durante a pandemia. "Como uso a tecnologia para ensinar e como aproximo melhor esses mundos hoje em dia? Esse paradigma a gente só foi perceber na pandemia, mas a tecnologia já estava disponível, quando aconteceu a pandemia. Só foi aquela chavinha nova que virou", observou. "O paradigma para a pessoa vulnerável deixou de ser o website, o website é uma coisa muito dura para quem não tem afinidade tecnológica. O aplicativo de smartphone ajuda, mas ajuda também outra parcela da comunidade. Não ajuda as pessoas vulneráveis que não têm acesso a dados. Se têm acesso a dados não têm acesso à banda larga. Como uso o WhatsApp que não requer banda larga para prestar serviço? E acho que esse é o grande ponto quando a gente fala de paradigmas de inovação. O mundo muda, será que estamos com a tecnologia preparada para mudar junto com essas novas oportunidades?", questionou Deak.
"Todo mundo quer trabalhar de qualquer lugar a qualquer tempo. Você vê que o cidadão não quer esperar até as 9h da manhã para ir ao órgão público, o cidadão quer resolver o seu pedido no momento que achar melhor. Não quer mais consumir um determinado conteúdo, ele quer criar um conteúdo. A gente tem visto muito isso em educação. Aquele bom professor que cria o seu próprio canal no YouTube para entregar o conhecimento, que antes era exclusivo da escola, hoje tem mais acesso do que a própria escola. Por que não uso esse professor para criar conteúdo para a própria escola? Como esse conteúdo sai desse professor e vai para os alunos que ele atende e os alunos que ele também não atende? Esse é o novo modelo. Criar conteúdo deixou de ser apenas consumir conteúdo", defendeu o Diretor de Inovação da área de Estratégia de Uso para Governo.
Abordando o conceito de integração, o palestrante convidado pela Prodam reforçou a necessidade de aproveitar o que já está feito para se conectar. "Como meu sistema de ensino se conecta com o meu sistema de bate-papo? Como esse sistema de bate-papo vai conversar com o meu sistema de videochamada, de videoconferência? Como posso criar um formulário? Como o meu sistema existente pode se apropriar de coisas modernas de colaboração sem que eu tenha que reescrever a roda?", interpelou, revelando que efetivamente é possível medir se o aluno entrou na sala de aula, se está trocando mensagem com o professor, se está conversando com os outros alunos sobre a matéria, se abriu a câmera de vídeo na videoconferência ou se manteve a câmera fechada, se entrou no formulário de prova e respondeu as perguntas e qual foi a apropriação do conhecimento que ele teve nessas perguntas respondidas.
"Toda essa informação vem para um banco de dados e esse banco de dados com ferramentas analíticas olha e fala: 'Esse aluno está engajado na aula; esse aluno está distraído; esse aluno faltou e vai perder esse elemento da Base Nacional Curricular. Quando ele perder isso aqui, na prova ele não vai ter aquela nota porque ele perdeu aquele conteúdo, não se apropriou daquele conteúdo'. Como que levo isso de volta ao professor e mostro para o professor que esse grupo de aluno não está engajado na aula? A ferramenta mostra que outro professor fez um canal no YouTube que é campeão na internet: 'Você não quer oferecer esse vídeo para o aluno que perdeu a aula? Aquela videoconferência da aula que gravei, você não quer passar para o WhatsApp do aluno para que, na casa dele, possa lembrar que perdeu a aula e assistir?'. Isso que temos feito com esse tipo de integração: aproveitar aquilo que tem bem feito na parte de colaboração e integrar nos sistemas existente e fazer com que o aluno tenha melhor engajamento", completou.
Deak exibiu um panorama dos projetos que a Google têm desenvolvimento e que vai ao encontro do trabalho do Tribunal. Entre eles, o acompanhamento de fraudes, auditorias de processos e como têm atraído conhecimento disso para gerar Inteligência Artificial e, assim, promover conhecimento na parte de auditoria. As ferramentas compartilhadas durante a reunião fazem parte do acordo com a Prodam e podem ser utilizadas por todos os órgãos que participam do acordo. É possível criar aplicativos de maneira rápida, com ferramentas prontas para exploração, sem código fonte para desenvolver, que possibilitem o usuário criar um processo daquilo que é seu problema, por exemplo, corte de árvore. A pessoa pode tirar uma foto, jogar no aplicativo, a Inteligência Artificial pode identificar que tipo de árvore é, pode dar um parecer e devolver para o workflow de quem aprova.
Com essas ferramentas, a Prodam passa a ter um outro potencial de atuação para efeito da gestão pública do ponto de vista mais amplo, segundo o conselheiro Maurício Faria, que aproveitou a oportunidade para colocar questões concretas e práticas sobre como uma ferramenta Google Cloud poderia ajudar no engajamento de respostas das pesquisas sobre educação durante a pandemia que o TCMSP vem lançando. "Seria possível buscar soluções para isso? Ou seja, um canal de comunicação direta do Tribunal com os pais de alunos para que esses questionários sobre ensino, principalmente, mas também sobre uniformes, material escolar, tenham um fluxo de vai e vem de perguntas e respostas? É possível construir isso?", perguntou.
Deak respondeu que é totalmente possível e usou como case de sucesso o funil de marketing de comunicação como um modelo que se encaixaria na proposta. No caso, usa-se a técnica de marketing de vendas para trazer os pais para responderem esse tipo de questão. "A gente chega nesse pai através de ferramenta de marketing como search, YouTube, como o próprio site da Prefeitura, pelo 0800. Então, chega nessa pessoa de várias formas diferentes para captar para esse primeiro modelo, para essa pessoa saber que existe um formulário para responder", esclareceu.
Antônio Celso mencionou que "em um primeiro momento é preciso fazer uma análise para conseguir ter clareza de onde vem tal problema e como buscar mais informações e aí partir para um desenvolvimento mais robusto que sirva de apoio ao Tribunal", complementou.
Outras perguntas foram feitas pelos presentes que interagiram durante a reunião. Estavam pelo TCMSP, além dos conselheiros já mencionados, representantes de gabinetes, do Núcleo de Tecnologia da Informação (NTI), da Assessoria Jurídica de Controle Externo e outros colaboradores. Pela Prodam participaram o gerente de atendimento, Aparecido Trindade; o gerente de infraestrutura, Anderson Bispo; o assessor da Presidência, Carlos Alberto Silva; a assessora jurídica da Presidência, Carolina Magnani Hiromoto; o gerente de Comunicação e Marketing, Lucas Campagna; o assessor da Presidência, Mateus Dias Marçal; e o coordenador de Comunicação, Matheus de Souza Fonseca.
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