Na quarta-feira (8/12), a Uninove (Universidade Nove de Julho) realizou um evento com o tema “Pesquisa viver em SP: Assistência Social. Desafios e demandas da política social”. O encontro contou com a presença da coordenadora de Inclusão Universitária da Uninove, Viviane Delgado; do assessor de mobilização da Rede Nossa São Paulo, Igor Pantoja; da diretora de Contas da área de Opinião Pública e Política do IPEC (Inteligência em Pesquisa e Consultoria), Patricia Pavanelli; do secretário municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, Carlos Bezerra Júnior; e do membro da Associação Rede Rua, Alderon Costa.
O evento teve início com o mediador Igor Pantoja, da Rede Nossa São Paulo, que falou acerca dos métodos de pesquisa e a importância de se obter a opinião do paulistano em relação à assistência social prestada aos moradores em situação de rua.
Na sequência, a palavra foi passada para Patricia Pavanelli, que abordou inicialmente os dados de percepção da população paulistana sobre os temas pesquisados. Segundo ela, cerca de 88% dos paulistanos acreditam que as pessoas em condição de rua aumentaram muito, e o principal motivo para isso seria a elevação do desemprego. Além disso, causas como o aumento do custo de vida no Brasil, reajuste dos aluguéis e ausência de políticas de proteção social também foram razões determinantes para essa triste realidade.
Pavanelli acrescentou que dois terços da população paulistana, que notaram o aumento da população em situação de rua na cidade, justificaram essa percepção por terem observado mais famílias, crianças e adolescentes morando nas ruas. A pesquisa mostrou, ainda, que os paulistanos enxergam como solução, em sua maioria, o desenvolvimento de políticas públicas, a disponibilização de cursos de capacitação e a ampliação da rede de atendimento socioassistencial.
Em seguida, Carlos Bezerra Junior ressaltou a importância da pesquisa para o debate sobre os moradores em situação de rua. Isso porque, por mais que o paulistano tenha consciência da situação dessas pessoas, existe uma certa invisibilidade dessa parte da população. Além dessa invisibilidade da população de rua, ele também ressalta a falta de notoriedade que as pessoas e movimentos destinados a defesa dos direitos e a mínima visibilidade dessa parcela da população recebem não só da mídia, mas também do próprio povo.
Além disso, Bezerra Júnior aponta que, segundo pesquisas, o principal fator que leva as pessoas à situação de rua é a quebra de vínculos familiares, e que isso não foi citado em nenhum momento pelos entrevistados. Portanto, segundo ele, isso só demonstra o desconhecimento dos paulistanos quanto ao real motivo das pessoas morarem na rua.
O secretário municipal de Assistência e Desenvolvimento Social destacou a seguir os projetos que estão sendo realizados para dar suporte a essas pessoas em situação de rua. Reintegração social, cuidado integral e o eixo de oportunidade e autonomia são os principais métodos para ajudar essa população, segundo Bezerra Júnior.
Na exposição seguinte, Alderon Costa também salientou a importância da pesquisa realizada e exaltou o fato do levantamento colocar como principal solução a questão da moradia, e que, mesmo precisando aprofundar alguns pontos, a Secretaria e o movimento estão trabalhando nisso.
Ele citou, ainda, a existência de ideias, que serão levadas à prefeitura, sobre a criação de um sistema público para pessoas em situação de rua. Assim como existe o Sistema Único de Saúde (SUS), há a necessidade de criar algo parecido para os moradores de rua.
Ao final do evento, além de exaltar a pesquisa, Viviane Delgado agradeceu aos convidados e pontuou a luta existente há anos para ajudar as pessoas em situação de rua, e que pautas como essa não deveriam deixar de ser discutidas.
Perguntas realizadas pelo WhatsApp, disponível durante o evento, foram respondidas ao longo do encontro.
Assista aqui a íntegra do evento.