Os problemas causados pela ocupação desordenada do espaço urbano na cidade de São Paulo foi objeto da série de reportagens “Concreto sem fim” publicada recentemente pelo jornal Folha de S. Paulo. Um dos textos, feito a partir dos dados obtidos pelo cadastro do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e da Secretaria Municipal de Urbanismo, aponta que, enquanto a população paulistana aumentou 30% nos últimos 25 anos, a área construída na Capital Paulista cresceu 60%, pulando de 330 milhões de metros quadrados para 531 milhões. Isso considerando apenas as chamadas “áreas regularizadas”.
O levantamento mostrou ainda que essa expansão ocorreu sem obedecer a critérios claros e a qualquer plano urbanístico. Em bairros do extremo leste do município, como Cidade Tiradentes, o crescimento da área construída nesse período chegou a 1.617%. O mesmo se deu também na zona sul, com o bairro de Parelheiros triplicando seu tamanho. Os impactos desse rápido e caótico crescimento imobiliário e populacional são de diversas ordens. A mais evidente é que tal fenômeno se espraia na periferia por regiões já carentes de equipamentos de saúde, ensino, cultura, lazer, transporte e saneamento básico, o que traz consequências na qualidade do atendimento à população. Outro ponto importante é que muitas vezes esses empreendimentos imobiliários avançam sobre áreas verdes e de mananciais, derrubando mata nativa, afetando a fauna silvestre e poluindo nascentes, córregos e represas.
Já em áreas mais centrais, com boas condições de infraestrutura, as residências horizontais têm dado lugar a prédios de classes média e alta, promovendo um adensamento urbano e uma ocupação vertical dos terrenos. Na Barra Funda, por exemplo, houve uma redução de 46% no número de lotes residenciais horizontais em detrimento de um aumento de mais de 1000% para apartamentos de alto padrão e 25% para os de baixo padrão. Tanto nos bairros periféricos como nos centrais, a expansão imobiliária é acompanhada por um processo de impermeabilização do solo, que colaboram para o agravamento do problema das enchentes na cidade.
Leia algumas matérias da série “Concreto sem fim” nos arquivos em anexo.
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