Segundo painel do último dia do XI Educontas traz experiências das Escolas de Contas no novo cenário de ensino remoto Notícias

28/10/2020 15:00

Retomando o último dia do XI Educontas - Encontro Nacional dos Técnicos de Educação Profissional das Escolas de Contas, o segundo painel, dessa terça-feira (27/10), contou com a apresentação das experiências inovadoras e os desafios enfrentados por algumas Escolas de Contas diante do novo cenário de ensino remoto emergencial. Foram convidados representantes das Escolas de Contas do Tribunal de Contas da União (TCU), do Tribunal de Contas do Estado do Amapá (TCE-AP), do Tribunal de Contas do Estado do Ceará (TCE-CE), do Tribunal de Contas do Município de São Paulo (TCMSP) e do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR). A mesa on-line foi iniciada pela coordenadora de Cursos de Extensão da EGC, Samira Saleh, e mediada pelo vice-presidente do TCE-CE, Edilberto Carlos Pontes Lima, que também é vice-presidente de auditoria do Instituto Rui Barbosa (IRB).

"O desafio deste ano específico, em que os cursos presenciais ficaram impossíveis, foi as Escolas se adaptarem, demonstrarem capacidade de adaptação, capacidade de reagir, de continuar funcionando, continuar sendo um centro vibrante de disseminação de conhecimento, de formação de pessoas, nesse contexto de pandemia", declarou o vice-presidente do TCE-CE.

Flavio Spoto, do departamento de relações institucionais e pós-graduação do Instituto Serzedello Corrêa (ISC), Escola Superior do TCU, falou sobre a educação a distância (EaD) do instituto, o que mudou durante a pandemia, quais desafios específicos emergenciais que enfrentaram, como superaram essas dificuldades e o que vem pela frente, ou seja, os próximos desafios. "Que dificuldades a gente enfrentou nessa emergência sanitária? Primeiro, a dificuldade cultural. Muitos dirigentes, servidores, alunos, professores não acreditavam na EaD e não acreditam. Como contornamos isso? Foi fácil: agora não tinha mais alternativa, só tinha EaD. Então, essa barreira cultural, as pessoas tiveram que se adaptar. Segunda barreira, nosso administrativo. Nós tínhamos equipes que faziam só educação presencial no ISC, e outras que cuidavam só da educação a distância, e agora com a pandemia todo mundo passou a fazer educação a distância. Sendo assim, alguns servidores da nossa equipe tiveram que desenvolver novas competências", elencou.

O ISC teve também dificuldades pedagógicas e tecnológicas. "Muitos professores estavam acostumados só com as salas de aula, com o ensino presencial, tiveram que desenvolver essas competências para o EaD. Dificuldade tecnológica: conexão de internet, as pessoas passaram a trabalhar de casa, tivemos dificuldades específicas, cada um teve que se virar como podia, mas eu acho que o nosso contexto é adequado para isso", disse. "Uma última dificuldade que eu queria falar é a questão sanitária. Nós não podíamos usar o estúdio, por exemplo, [...] os professores passaram a gravar vídeos de casa e isso foi bem recebido, os vídeos ficaram quase tão bons quanto os de estúdio, não tivemos críticas em relação a isso, apesar de que a gente teve que fazer uma coisa diferente, mas conseguimos", atestou.

A segunda contribuição do painel foi da diretora da Escola de Contas do TCE-AP, Dacicleide Gatinho. A palestrante mostrou que a Escola de Contas do Amapá é de estrutura pequena, com apenas seis servidores, dois acima de 40 anos e quatro acima de 50 anos, sendo dois do grupo de risco. A estrutura física da escola é pequena e o corpo técnico não conta com profissional pedagógico, com experiência ou habilidades tecnológicas. "Para a nossa equipe é um desafio a área da Tecnologia da Informação (TI)", declarou.

O primeiro desafio apontado pela diretora foi a suspensão dos eventos presenciais. O segundo foi a suspensão de atividades presenciais e instalação do teletrabalho (home office). "O que a Escola fez? Nós passamos a enviar comunicados para os servidores dos cursos on-line disponíveis para que eles pudessem realizar. [...] A Escola preparou uma proposta de normativo para regulamentar esse curso a distância, que fez nascer a Ordem de Serviço 003/2020 no dia 29 de abril de 2020. Então, ela veio disciplinar a capacitação a distância em ambiente virtual de aprendizagem como horas trabalhadas. Quais as regras dessa Ordem de Serviço? Os treinamentos todos deveriam ser gratuitos, deveria haver afinidade com as atividades funcionais que a pessoa executa e ter a autorização da chefia imediata", explicou.

Como maior obstáculo, Dacicleide apontou a realização do primeiro webinário, que teve como tema: "Novo Marco Legal do Saneamento: Principais Mudanças e os Mecanismos de Controle". Sobre os aprendizados, pontua:

  • Trazer a equipe de TI para as reuniões de planejamento;
  • Conhecer bem a ferramenta que será utilizada - fazer vários testes com a equipe que vai atuar no evento;
  • Disponibilizar no IP da máquina que vai transmitir o webinar prioridade de internet;
  • Trabalhar em parceria.

Logo em seguida, a diretora executiva do Instituto Plácido Castelo (IPC), Hilária Barreto, da Escola de Contas e Gestão do TCE-CE, destacou os mais de 7.600 inscritos nos cursos EaD, cerca de 50 vídeos explicativos, lives, webinares, dicas de leitura, programa TCEduc, programa Agente de Controle, Podcast, dentre outras ações do Instituto que podem ser conferidas nos portais do TCE-CE e do IPC.

"Quando paramos para avaliar o que fizemos, realmente é uma reflexão maior, e percebemos que sempre dá para fazer algo, embora em meio a tempestades, em meio aos desafios", disse.

Como maior desafio, Hilária relatou a realização do Seminário de Avaliação em Escolas de Governo (SAEG), "considerado o maior evento sobre avaliação do mundo, que faz parte da agenda global da gLOCAL Evaluation Week."

Os pontos favoráveis expostos pela representante do TCE-CE foram:

  • Tempo de implantação do Núcleo de Educação a Distância;
  • Tempo de uso da ferramenta tecnológica pelos participantes;
  • Monitores habilitados e com domínio das ferramentas tecnológicas;
  • Ambiente Virtual de Aprendizagem - AVA/IPC, e mídias sociais (Instragram, Facebook, YouTube), fortes canais de disseminação do conhecimento.

Já sobre outros desafios, registrou:

  • Ajustar todo aparato tecnológico do TCE-CE para atender atividades em home office;
  • Readequar metodologias e didáticas para os Programas TCEduc e Agente de Controle;
  • Desenvolver metodologias integrativas e atrativas para envolver todos os agentes no processo de ensino e aprendizagem mediatizado pela tecnologia;
  • Manter a motivação e o entusiasmo dos atores, abalados emocionalmente pelo cenário pandêmico.

Pelo TCMSP, esteve presente o chefe de gabinete da Escola de Gestão e Contas, Marcos Barreto. "Eu queria começar dizendo que existem limitações e existem perdas. Certamente essas perdas são menores do que as perdas encontradas no ensino básico, fundamental e no ensino médio, mas ainda assim existem limitações, e a gente precisa saber disso."

Segundo Barreto, a Escola de Gestão e Contas do TCMSP conseguiu, ao longo desses meses, desenvolver 21 disciplinas, com cerca de 100 alunos que estão nesses cursos. "A gente conseguiu fazer defesa de TCC [Trabalho de Conclusão de Curso] nesse período, às vezes com muita dificuldade, com muito sofrimento [...]. Para uma outra linha dos cursos de pós-graduação, nos cursos de extensão, a gente ofereceu 56 cursos ao longo desses meses, até setembro, não colocando outubro nesse balanço, uma média de nove cursos por mês e a média de 353 pessoas inscritas, que é um número bastante expressivo. Curiosamente, talvez por essa possibilidade de instrumento virtual, a gente apresentou um número de cursos, eles são cerca de 20% a mais do que a gente ofereceu presencial no ano passado, no mesmo período. Também tivemos aumento no número de alunos, a gente teve quase 10% a mais de alunos inscritos se comparado ao mesmo período do ano passado. A gente fez uma média de 9,5 eventos por mês, são 57 eventos ao longo desse período. Claro, as nossas ferramentas eletrônicas bombaram, como era esperado. Então, se a gente compara 2019 com 2020, a gente teve 7.000 visualizações no ano passado, e já tivemos 41.000 visualizações até o final de setembro. Horas de conteúdo produzido para o YouTube foi de, praticamente, 1.000 horas para 14.700 horas. E um aumento grande, a gente tem quase 4.000 pessoas inscritas no nosso canal do YouTube, 2.400 dessas 4.000 foram inscritas nesses meses do isolamento da pandemia", divulgou.

Por fim, Barreto falou de um projeto do Tribunal de Contas do Município de São Paulo, liderado pela Escola de Gestão e Contas, que é o Observatório de Políticas Públicas do TCMSP. "Nesse período em que tivemos trabalhando de forma remota, nós funcionamos a todo vapor. Descobrimos, acho que como todos vocês, que o trabalho em home office é um trabalho extenuante. A gente não para em nenhum momento, e produzimos muito. E o Observatório é uma das grandes conquistas desse processo. A gente, em dezembro, faz um seminário para validar indicadores, e nasce, digamos, oficialmente, esse Observatório", finalizou.

O último a falar foi o supervisor de Jurisprudência e Biblioteca do Tribunal de Contas do Estado do Paraná, Fernando Barros, que demonstrou algumas ideias, algumas práticas e coisas que deram certo na Escola de Contas do TCE-PR. "Nós, como Escola de Contas, devemos abraçar esse jurisdicionado, abraçar a sociedade civil e trazê-los para o conforto normativo, trazê-los de volta para a segurança jurídica", começou.

Para ele, o ensino on-line não é um ensino presencial digitalizado, virtualizado. "Uma das grandes viradas que nós demos na Escola de Gestão do Paraná foi perceber esse comportamento, então, nós fizemos uma tríade de padrões de curso, de acordo com a informação e de acordo com o curso", informou. "Nós desenhamos os nossos cursos de forma a permitir que o sujeito possa obter conhecimento na plataforma, nesse caso no Moodle, com inscrição no nosso site. E a partir dessas informações básicas, ele pode ir para as nossas lives, ele pode ir para os nossos outros eventos, e ele vai aprimorar, vai melhorar a discussão", completou.

Logo após as apresentações, todos os palestrantes participaram juntos de uma troca de ideias e responderam perguntas dos ouvintes.

Assista, na íntegra, ao painel cinco do XI Educontas desta terça-feira: