O segundo dia do XI Educontas trouxe, na manhã desta terça-feira (27/10), o quarto painel, que abordou a capacidade de adaptação na INTOSAI e ENAP e lançou, também, o quadro nacional de competências profissionais e programa de formação do auditor de controle externo. O evento foi transmitido, via videoconferência, nos canais da Escola de Gestão e Contas Públicas do Tribunal de Contas do Município de São Paulo (TCMSP), pelo Youtube e Facebook.
A criação de diretrizes para capacitação de auditoria aconteceu em 2018, com o lançamento do programa de formação e capacitação do auditor externo e, neste ano, lança este quadro nacional, apresentado pela coordenadora do Instituto Rui Barbosa, Crislayne Cavalcante. O lançamento de um portal com todas as capacitações gratuitas e online das escolas de contas do Brasil foi uma das ações realizadas pelo grupo.
“A nossa ideia era, dentro da temática de auditoria e controle, pudéssemos criar subcategorias relacionadas aos conhecimentos necessários que os auditores de controle externo tenham de ter em sua atuação. O programa de formação segue as Normas Brasileiras de Auditoria no Setor Público (NBASP) 100, e assim puxamos as competências necessárias para se fazer um fluxo de auditoria para, aí sim, lançar este quadro”, disse Crislayne.
Em seguida, o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado da Bahia (TCEBA), Inaldo Araújo da Paixão, foi o mediador do painel que teve como convidados Sebastian Gil, gerente de Desenvolvimento e Capacitações da Organização Internacional de Entidades Fiscalizadoras Superiores (INTOSAI); e Rodrigo Torres Lima, diretor de Educação Executiva da Escola Nacional de Administração Pública (ENAP).
Inaldo parabenizou a ação e deu um panorama geral de como é o papel das escolas de contas no país. “Hoje, não só os auditores são o público, mas há uma preocupação com a nossa sociedade. É para essa finalidade que estamos realizando este encontro no Educontas”.
Sebastián Gil começou sua palestra falando sobre a adaptação feita à Iniciativa de Desenvolvimento da INTOSAI por conta da COVID-19. Antes, deu uma breve introdução sobre o que é esta iniciativa e como ela funciona. “Na visão da IDI, obviamente, esta organização é consistente e os cidadãos são os beneficiários do trabalho destas entidades de fiscalização”, disse.
A IDI trabalha em quatro linhas: a independência, boa governança, profissionalismo e relevância. Na visão de Gil, apesar das situações particulares do momento, há uma estrutura consolidada, sem tantos problemas, em países como Brasil e Argentina. “Todos os aspectos se complementam. As entidades de fiscalização têm essas problemáticas para conviver”.
O valor agregado pela IDI, segundo Gil, muitas vezes tem a ver com a forma de realizar o cumprimento definido pelas Normas Internacionais das Entidades Fiscalizadoras Superiores (ISSAI), e isto é um marco das iniciativas. “A ideia é que a capacitação é um dos passos no processo das iniciativas. É importante entender que ela não é um fim específico da IDI, mas um meio de um processo cujo objeto é a implementação de uma auditoria ou um plano de ação”, afirmou.
Gil falou um pouco também sobre a nova normalidade que, na sua opinião, tem a ver com o mundo que pode se criar em resposta à COVID-19, com uma reconstrução melhor. “Este novo conceito aceita uma maior incerteza sobre o funcionamento das economias e das sociedades. Requer que as organizações e os indivíduos sejam mais resistentes e a resiliência pode ser considerada como fundamental para sobreviver a uma crise e prosperar em um mundo de incertezas”.
Logo após, foi a vez do diretor de educação executiva da ENAP, Rodrigo Torres Lima, fazer a sua exposição. E começou falando a respeito da evolução das tecnologias necessárias para este período de pandemia. “Eram sempre experiências muito difíceis, e restava ter esperança para que isso mudasse. Hoje, é muito comum perguntarmos antes de uma reunião começar sobre quem vai mandar o link. Repentinamente, mudou a forma de enxergar os contatos à distância, e isso se deu em todas as instituições, sejam elas públicas ou privadas”.
Torres apresentou o “Manual de Sobrevivência na Pandemia”, utilizado pelo ENAP, e falou de como foi o processo de construção deste material. “Com a suspensão das nossas atividades, lá em meados de março, precisávamos tomar as decisões baseadas em evidência, reunimos um conjunto de informações que nos mostravam que, dificilmente, esta pandemia não chegaria ao Brasil no volume que chegou”, disse. E, neste cenário de incerteza, Rodrigo apontou a necessidade de estar aberto a adaptações e inovações. “Não havia resposta correta naquele momento. Essa capacidade de se adaptar à nova realidade foi muito importante neste início”.
Rodrigo destacou também o papel das lideranças neste momento da pandemia. Para ele, nesta situação de incerteza e angústia, com a implantação do home office, foi necessária uma condução de lideranças para assumir esse processo. “Comunicar bem, passar as informações necessárias, fazer conversas individuais, identificar as condições de cada indivíduo das equipes, foi fundamental para conseguirmos um bom ambiente nessa transição”, disse.
Plataformas digitais como o Trello, o Zoom e o Streamyard foram utilizadas pela ENAP neste cenário tecnológico que foi necessário adaptar por conta da pandemia. Torres afirmou que este processo foi o centro da adaptabilidade para que todos os servidores tivessem infraestrutura necessária para tocar o barco. “Por meio desse conjunto, passamos a ter uma nova cara em nossa escola. Aquilo que tínhamos presencial, passou a ser remoto e ao vivo, com interação professor e aluno”.
Neste contexto de crise, foi necessária uma inovação. Rodrigo aponta que as instituições que estabeleceram as normas também entenderam a excepcionalidade do momento. “O Conselho Nacional de Educação autorizou que os cursos presenciais fossem ofertados de forma remota, valendo crédito. Isso quer dizer que foi possível criar novas formas de acompanhamento e, assim, esses ajustes permitiram a inovação”.
Ao final das apresentações, os convidados responderam a perguntas do público que acompanhou o debate. Assista, na íntegra, ao painel 4 do XI Educontas desta terça-feira: