TCMSP recebe professor e escritor Gabriel Chalita na estreia do programa "Encontros Plurais" Notícias

02/03/2020 15:30

Criar um novo espaço de reflexão sobre políticas públicas e propostas de soluções possíveis para os problemas que afligem a maior e mais importante cidade do país é o foco do programa "Encontros Plurais", que estreou na manhã de segunda-feira (02/03), no auditório da Escola de Gestão e Contas do Tribunal de Contas do Município de São Paulo (TCMSP). Sob o comando do jornalista Florestan Fernandes Jr. e do diretor da Escola de Gestão e Contas, Maurício/Xixo Piragino, o programa teve como primeiro convidado Gabriel Chalita, o ex-secretário de Educação do município de São Paulo, jurista, filósofo, escritor e professor.

A abertura foi realizada pelo presidente do TCMSP, conselheiro João Antonio, que destacou a defesa de Chalita pela igualdade; pelo respeito às diferenças; pela democratização do saber. "O que mais me fascina é que a sua preocupação vem de encontro com as necessidades da conjuntura que estamos", se dirigiu o presidente João Antonio ao entrevistado.

Por cerca de 90 minutos, Chalita abordou os mais diversos assuntos, como: qualidade e tecnologia na educação pública municipal; escola sem partido; merenda escolar; igualdade no ensino; entre outros. As manifestações surgiram a partir de perguntas feitas pelos apresentadores do programa e também de questões enviadas pelos internautas que acompanharam a transmissão, ao vivo, pelo Facebook e Youtube.

Sobre os desafios que a educação pública precisa enfrentar, principalmente em se tratando de diferença social, Chalita afirmou que “uma parte da elite brasileira acredita que uma parcela da sociedade nasceu para pensar, estudar e outra não; para romper esse preconceito, o caminho é a educação". Além disso, observou que o que falta na educação é continuidade de políticas públicas. "A educação é um processo. Se cada prefeito tem uma visão sobre educação, vai começar tudo de novo", disse o entrevistado.

Relembrando o passado, o entrevistado assegurou que a cidade de São Paulo conseguiu atingir um padrão de excelência nas creches. “Claro que você pode dizer que há creches que não têm a mesma qualidade, uma escola de educação infantil que não tem a mesma qualidade que outras escolas, assim como você tem na rede privada a mesma coisa. Você tem excelentes escolas na rede privada e escolas muito ruins. [...] Eu conheço os professores da rede pública de São Paulo muito antes de ser secretário e você encontra professores de excelente formação. Agora, da mesma forma que a cidade de São Paulo padece de um equívoco, a educação brasileira também, que é descontinuidade. A educação não é uma ponte que você constrói e fica pronta, educação é um processo. [...] E eu acho que é isso que faz com que não só a educação na cidade de São Paulo, mas no Brasil fique patinando", analisou o Chalita.

Para uma educação de maior qualidade, o professor defende escolas de tempo integral. "No Estado, conseguimos fazer 500 escolas de tempo integral, na época, é que não teve continuidade, algumas foram fechadas depois, e no município a gente conseguiu colocar 50 mil crianças em tempo integral, além das crianças da creche. É um processo". Segundo ele, todo rico tem escola de tempo integral, mesmo que ele não esteja dentro da escola, ele estuda de forma integral. “Não tem rico que não faça inglês, que não faça espanhol, que não vá para a academia, que não faça tênis, que não faça natação, isso é escola de tempo integral, o rico tem condições de pagar isso. [...] O pobre terá o que o estado proporcionar para ele, o que o município proporcionar para ele."

Durante a entrevista, Chalita foi questionado sobre os CEUS, sua funcionalidade e modelo, e disse que “cada vez mais a escola tem que ser um centro de luz no meio da comunidade para que o pai e a mãe frequente. [...] E tudo isso dava essa visão de como se pode educar a família inteira. A visão do céu foi essa".

De acordo com o ex-secretário, foi muito importante ter técnicos do TCMSP, por exemplo, com visão preventiva, com um trabalho de orientação ao gestor público, de acompanhamento constante e de responsabilidade. “A Secretaria tem um corpo técnico muito qualificado. Agora, a gente não tem expertise, condições para identificar cartel", informou.

Ao final da atração, Xixo propôs um “bate-bola” com o entrevistado:

Xixo: O que a cidade de São Paulo mais precisa?
R.: Diminuir a desigualdade.

Xixo: O que o próximo prefeito ou prefeita tem que ter como característica?
R.: Conhecimento de humanidade, compaixão.

Xixo: Um conselho para quem tem um filho na escola pública:
R.: Acompanhar a escola pública, participar, estar presente.

Xixo: Qual é o autor hoje que quem trabalha com educação deve ler?
R.: Paulo Freire, Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro.

Você pode assistir a entrevista pelas páginas da Escola de Gestão e Contas e do TCMSP no Facebook ou pelo canal no Youtube:

Gabriel Chalita comenta sua participação na estreia do programa "Encontros Plurais"