“Cidades Inteligentes” é tema de seminário na Escola de Gestão e Contas do TCMSP Notícias

25/09/2019 17:00

O auditório da Escola de Gestão e Contas Públicas do Tribunal de Contas do Município recebeu, na manhã de terça-feira (24/09), o primeiro de uma série de debates temáticos sobre o conceito de Cidades Inteligentes, as chamadas Smart Cities. O evento inicial teve como objetivo principal oferecer um panorama sobre as iniciativas adotadas no Brasil e mundo afora, além de debater os critérios utilizados para classificar um município como essa qualificação.

A mesa debatedora foi formada pelo conselheiro dirigente da EGC do TCMSP, Maurício Faria; pelo coordenador e seu vice do Laboratório de Cidades, Tecnologia e Urbanismo da USP (Conectividade), os professores Marcelo Pessoa e Fernando Berssaneti, respectivamente; pela pesquisadora do Núcleo de Apoio à Pesquisa (NAP) da Escola Politécnica da USP, professora Renata Maré; e a assessora do Tribunal de Contas do Município, Harmi Takiya.

O diretor da Escola de Gestão e Contas, Mauricio “Xixo” Piragino, foi o mestre de cerimônias do debate e abriu os trabalhos reforçando a importância da realização do seminário. “Queremos montar esse quebra-cabeça sobre como podemos contribuir para a cidade, por isso, estamos inaugurando esse ciclo e agradeço a todos que vieram compartilhar seu conhecimento conosco”, afirmou ele.

O conselheiro Maurício Faria justificou a escolha do tema ao promover um debate sobre Cidades Inteligentes durante a tramitação da matéria sobre Políticas Público-Privadas (PPP) da iluminação na cidade de São Paulo. “No andamento daquela licitação, surgiu um artigo no jornal Folha de S.Paulo que fazia uma leitura do edital como um potencial de Smart City, abordaria essa prestação de serviço com uma visão mais ampla, não só restrita à iluminação pública, mas com a utilização de outras tecnologias”, relembrou o conselheiro. Faria apontou que, a partir do surgimento desse tema em debates no Plenário é que surgiu o interesse pelas chamadas Smart Cities. “Esse seminário vem na esteira dessas questões que foram sendo trazidas”, completou ele.

O professor Fernando Berssaneti iniciou sua participação apresentando os conceitos de Cidades Inteligentes, termo que, em sua opinião, não existe como uma definição global e, sim, uma necessidade local, em que cada um define o que é inteligente para a sua cidade. “Obviamente, não dá para comparar São Paulo com outras cidades europeias, que são muito menores, mais antigas e estruturadas que nós. Essa disparidade tem de ser considerada, por isso não há uma definição geral”, destacou.

Berssaneti trouxe à discussão modelos de crescimento como o “Smart Growth” e o “Boyd Cohen Smart City Wheel”, que atuam em diferentes frentes de inteligência nas cidades, cada um ao seu estilo, mas possíveis de serem aplicadas. “São modelos que nos ajudam a estruturar esse conceito”, disse ele. Além disso, apresentou o exemplo aplicado à cidade de Santander, na Espanha, em que, na sua visão, esteja mais próximo da cidade de São Paulo, que pode ser feito algo similar utilizando a tecnologia.

Em seguida, o professor Marcelo Pessoa defendeu que essas tecnologias fazem parte de um processo de transição; afinal, as cidades atualmente permitem, a um custo baixo, o processamento de dados, o aumento da capacidade de comunicação em tempo real para gerenciar melhor o município. “Tenho demandas econômicas, sociais e ambientais, paisagem construída e suas funcionalidades. A ideia é que a cidade ofereça um ambiente adequado de negócio para que a economia floresça”, ressaltou Pessoa.

Coube à professora Renata Maré fazer sua apresentação em torno do conceito de aplicação da chamada Internet das Coisas (Internet of Things). Na sua visão, esse ecossistema é gigantesco, não é futuro e, sim, presente e com potencial de crescimento ainda maior. “Eu posso, remotamente, atribuir uma certa inteligência a esses pontos que estão no campo para que trabalhem por objetivos comuns: iluminar a cidade, proporcionar segurança às pessoas e, ao mesmo tempo, otimizar a logística”, explicou ela.

Renata Maré acredita que as Cidades Inteligentes precisam ser olhadas do ponto de vista de sistemas; a tecnologia aplicada em cada ponto precisa ser responsável por sua própria integridade. “Deve-se exigir esses conceitos de quem busca o fomento, precisa-se ficar de olho nessa questão”, alertou.

Por fim, a assessora do TCMSP, Harmi Takiya, que coordena um grupo de pesquisas na Poli da USP sobre o assunto, mostrou como parte da sua apresentação o ranking de indicadores para a classificação de Cidades Inteligentes referentes às grandes cidades mundiais.

De acordo com o levantamento CIMI (City in Motion Index) deste ano, a cidade de São Paulo se encontra na 168ª posição nesse ranking e deve gerar preocupação, segundo Harmi. O índice é publicado há seis anos pela Universidade de Navarra (Espanha) e estuda nove dimensões da vida urbana, além de ser constituída por indicadores sintéticos-parciais, é amplo, abrangente, com critérios conceituais e rigores metodológicos e estatísticos. “As notas atribuídas a cada um desses indicadores poderiam trazer novos elementos para uma análise mais detalhada de índices regionalmente mais importantes, com dados de relatórios de alta confiabilidade técnica disponíveis”, afirmou ela.

O público pôde fazer questionamentos aos debatedores sobre o tema ao final das apresentações. O próximo seminário técnico será sobre mobilidade urbana e acontecerá no dia 22 de outubro, das 9h às 12h, no auditório da Escola de Gestão e Contas do TCMSP.

Assista na íntegra ao evento sobre Cidades Inteligentes:

Parte 1 

Parte 2

 

Confira o vídeo com as entrevistas dos palestrantes: